Futuro Primitivo, Café Tacvba, Llaktapura
As novidades do mês de janeiro pra ficar por dentro da canção latino-americana
Buenas, aqui vão os primeiros lançamentos do ano!
Yo soy João Vicente Ribas, jornalista de Porto Alegre (RS Brasil). Contribuo com diversos veículos, escrevendo sobre música.
Neste mês de janeiro, saiu no Jornal do Comércio um perfil que escrevi sobre Os Tapes, grupo lendário da música latino-americana no sul do Brasil. Eles acabam de digitalizar todo seu acervo, disponível aqui neste link. E a reportagem está disponível no site, para assinantes.
Após a apresentação, passamos às recomendações do que de mais interessante foi lançado neste mês. E que mês!
Escutei com gosto os novos álbuns da chilena Natalia Contesse e do equatoriano Curi Cachimuel (com quem conversei sobre suas raízes ancestrais). Leia mais abaixo sobre eles e seus títulos com belo poder de síntese.
Também vieram inúmeros singles, como os feats da argentina Zoe Gotusso com a banda uruguaia No Te Va Gustar, dos chilenos Manuel García e Vicente Cifuentes, e do cubano Raul Paz com a guatemalteca Sara Curruchich. Reuni alguns na playlist desta edição.
Além disso, quem já leu os números anteriores sabe, incluo algumas dicas de conteúdos. Neste, destaquei a nova sessão audiovisual da banda mexicana Café Tacvba, além da agenda de shows e de links para outras leituras.
Vamo arriba!
Que nome para um álbum! Futuro Primitivo é o novo disco de Natalia Contesse, uma das grandes artistas do folclore fusión hoje no Chile. Trata-se do quarto álbum da tetralogia dos quatro elementos, que a cantautora começou a lançar em 2011. Desta forma, agora é a vez do fogo tematizar as canções.
Além de imaginar um futuro estético marcado pelas raízes culturais, suas letras ainda manifestam um sentimento atávico para este contexto de crise climática que vivemos. Além disso, uma boa dose de romantismo, nos boleros Hay amores e El volcán.
Destaque para a canção Serpiente, a perfeita conjunção da sonoridade tecnológica, automatizada, com a batida das peles e madeiras, pra falar de uma espécie de cobra endêmica que vive da região de Antofagasta até Los Ríos, no Chile.
Incrível como sempre brotam novas cancionistas na terra de Violeta Parra, reverenciando-a e projetando-se para o devir.
A banda mexicana Café Tacvba, dona de inúmeras canções inesquecíveis, lançou em janeiro nas redes uma sessão musical em que interpreta algumas delas. As gravações ocorreram em Miami, para a marca de guitarras Fender, como uma prévia da turnê da banda em 2024 pelos EUA (assista acima).
Vale observar que este tipo de produção casual é uma tendência hoje. Mas, nem sempre é realizada para propaganda. Mais comum inclusive são as sessões periódicas, organizadas em temporadas, para canais de rádio e televisão públicas, em todo o mundo.
Entre os que mais vêm conquistando engajamento estão os projetos Tiny Desk, da NPR 🇺🇸, o Encuentro en el Estudio, da Televisión Pública 🇦🇷, e o Cultura Livre, da TV Cultura 🇧🇷. Uma forma alternativa de curadoria, produção e distribuição nestes tempos digitais.
De uma coesão espantosa os arranjos de Curi Cachimuel, feitos para canções cantadas em espanhol e quíchua. Enquanto a sonoridade andina domina, passeia por levadas e harmonias jazzísticas, com naturalidade.
Multi-instrumentista, nascido em uma família kichwa de músicos do norte do Equador, formou-se na Universidade de San Francisco em Quito e vive em Boston. Integra o grupo Runa Jazz, caracterizado pelos ritmos afro-indígenas.
Neste álbum solo, Llaktapura, Curi canta e convida vozes femininas, a exemplo de Iraiz Oviedo, na fantástica canção-título. Toca diversos instrumentos autóctones, como zanpoña e quena. Passeia por sonoridades de todo o mundo e outros tradicionais do seu país, como o pasillo.
"Nosotros como músicos siempre estamos actualizándonos, siempre buscando aprender de otras culturas. Entonces creo que es muy importante para mí hacer esa conexión con otros elementos, plasmando todo lo que he aprendido en música" (Curi Cachimuel).
Em alguns momentos, mantém-se mais em torno da cultura indígena, como em Churiku e Kinku. Em outros dialoga com a canção contemporânea, a exemplo de Entre tú y yo e Jatun Mama. Esta última é o encontro mais depurado das diferentes influências, que produz uma melodia híbrida de cântico ancestral e música popular, quase criando um novo gênero.
Já em Paktara, a mescla abarca o rap, com letra falada em quíchua. E termina o álbum em alta rotação, com batidas eletrônicas e mais rap.
A propósito, a palavra quíchua llaktapura pode ser traduzida como "interculturalidade".
Prográmate
Serra Catarinense | 11 de fevereiro | Manu Chao | +info
Punta Del Este | 11 de fevereiro | Ruben Rada | +info
Buenos Aires | 15 de fevereiro | Julieta Laso | +info
Rio de Janeiro | 24 de fevereiro | Geraldo Azevedo e Hugo Fattoruso | +info
Porto Alegre | 1° de março | Caetano Veloso | +info
Guadalajara | 2 de março | PortAmérica Latitudes | +info
Montevidéu | 2 de abril | Mon Laferte | +info
Descubre lo que importa:
[Jornal do Comércio] Grupo Os Tapes foi referência estética sulina e latina
[Scream & Yell] 80 grandes discos latino-americanos de 2023
[El País] Los discos uruguayos que llegarán en 2024
[Clarín] Cosquín: no hubo plata, pero sí música
👆🏾 Aqui a playlist dos primeiros lançamentos do ano. Começa com baladas serenas, seguidas de canções mais campesinas, passando por levadas tropicais e encerrando com rock.
Entre eles, Josefa Ibarra 🇨🇱, Francisco, El Hombre 🇲🇽🇧🇷, Daymé Arocena 🇨🇺 e o novo duo formado pelos cancionistas Ezequiel Borra e Nacho Rodriguez 🇦🇷. Também tem versões de grandes clássicos: Hasta la raíz, de Natalia Lafourcade 🇲🇽, e Hablando a tu corazón, de Charly García 🇦🇷, na interpretação incrível de Camila Moreno 🇨🇱.
Para conferir as listas todos os meses, sigam meu perfil no Spotify.
Que se vengan las canciones
2024 começou em alta rotação! E vêm mais novidades por aí. O disco mais aguardado é o de Charly García, que mesmo com a saúde debilitada está em estúdio desde o ano passado.
No Uruguai, a artista revelação de 2021, Inés Errandonea, prepara o seu segundo álbum. Aqui no sul, o disco de estreia de Nina Nicolaiewsky começa a ser gravado, após o sucesso da campanha de financiamento coletivo.
Em fevereiro também poderemos ouvir os singles do mexicano El David Aguilar ao lado do uruguaio Jorge Drexler, e do carioca Edu Aguiar ao lado da argentina Florencia Ruiz. Acompanhem as newsletters, mês a mês, para não perder os lançamentos.
Muchas gracias pela leitura.
¡Ojalá, 2024!